A minha inspiração para este texto foi uma conversa que ouvi nos vestiários da H& M da Baixa Chiado, a qual passo a transcrever mais abaixo...
Ir às compras (mais especificamente comprar roupa)... Quase todo o Universo feminino é "viciado" (e porque não o masculino?).
Confesso que faço parte do grupo. Hoje a oferta é imensa. Provoca-nos, seduz-nos a preços tantas vezes convidativos. De certa forma alivia-nos o "stress", ficamos mais bem dispostas, mesmo que se trate da satisfação de um desejo imediato, e como tal, demasiado breve.
Porém, por vezes pode ser doloroso. Se não existe o nosso tamanho no modelo pretendido. Caso não nos assente tão bem quanto julgávamos, ou precisamos de pedir um número maior!
Observando em pormenor o nosso corpo há sempre algo que gostaríamos de mudar. Reencontramos os "nossos fantasmas". Não se ajusta de todo ao modelo de perfeição que temos na cabeça. Fruto de uma sociedade de certo modo rígida no conceito de imagem, que nos vai "impondo" severos padrões de beleza.
Até estou de acordo com a cirurgia estética se estiver do nosso lado, melhorando a auto-estima e confiança. Ajudar a sentirmo-nos melhores na nossa pele.
Não terei problemas em utilizar este recurso se for necessário e tiver essa possibilidade.
"Se eu não gostar de mim, quem gostará?". Envelhecer assusta, em especial perdermos as nossas faculdades.
Citando Antoine de Saint-Exupéry - "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos." E é mesmo. A beleza interior importa. E muito.
Deixo-vos com a conversa de que falei no início, para meditarem. Era entre mãe e filha (suponho, adolescente). Não possui juízos de valor, apenas a ouvi por acaso, achei graça e adequa-se ao contexto.
O objectivo centrava-se na compra de umas calças de ganga. A filha estava a experimentar vários modelos. A mãe queria convencê-la a levar dois pares do último, que parecia assentar-lhe melhor.
Mãe:
Já sabes que tem de ser, é para o teu bem. E deita fora esse telemóvel, que não pára!
Filha (com o telemóvel a tocar sucessivamente):
Eu sei mãe. Só que prefiro mil vezes apanhar pancada do que ter de passar por isto! Não vês? Esta parte é horrível, não consigo... Sabes a Rita? Fico igual.
A mãe questiona a funcionária sobre as novidades. Parece que está previsto chegar um novo modelo, mais moderno. Cintura subida, cós alto a terminar em boca de sino, com uma virola. Paciente e simpática, folheia o catálogo da H & M à procura. Até já saiu na revista "Elle", afirma, quando eu lhe coloquei a mesma questão. Vamos aguardar...
É certo que quando nos olhamos ao espelho nunca estamos sózinhos. As nossas expectativas também estão connosco...
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