quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


"Olhares breves"

 “Encontraram-se no comboio. Olharam-se nos olhos. E nunca mais se viram”

Enquanto fechava a porta, enrolou melhor o cachecol colorido. “Brrr que frio deve estar lá fora” – Pensou. “Só os loucos saem tão cedo de casa!”Enquanto descia as escadas foi apertando o fecho das botas pretas. Olhando para a rua quase deserta, verificou se todos os botões do casaco vermelho estavam bem apertados, e colocou as luvas. “O que tem de ser tem muita força” E saiu.
Ainda teve tempo para tomar um café cheio e escaldado antes de apanhar o autocarro. Com os auriculares nos ouvidos sentiu-se ausente ao som de Sérgio Godinho que ouvia no seu ipod. “O que a música faz por nós, só ela nos transporta para outros lugares, esquecemo-nos a realidade que nos cerca”.
Lembrou-se que poderia ter continuado envolta nos édredon quentinho, com a gata por perto. “É tão doloroso levantar cedo”. Mas era por uma boa causa. Finalmente tinha-lhe surgido uma oportunidade numa área que adorava. Faria parte da redação de uma revista ligada à moda e à atualidade. Um projeto novo e aliciante. Podia dar asas à sua imaginação escrevendo. A escrita sempre foi a sua grande paixão! Embora nem sempre se sentisse inspirada para tal, tinha de haver uma espécie de “click.
Era altura de entrar no comboio. Assustador! Sufocada entre corpos que não conhecia naquela “hora de ponta”. Nessa altura, enquanto tentava passar a mala para o outro lado, reparou nele. Ou melhor, na expressão dele fixa nela, na forma como a olhava. Um olhar que fala, que sorri, que parece querer beija-la. Delicioso encontrar algo assim, logo pela manhã. Olhos esquecidos em cima dos céus. Continuaram a olhar-se, até ele teve de sair. Passou por ela. Tocou-a levemente sem deixar de o olhar. O espaço era curto.
Quando as portas se fecharam sentiu que nunca mais o veria. E isso mexeu com ela. Poderia escrever sobre ele, e aquele encontro, breve. As palavras tal como as imagens permitem que breves momentos se tornem eternos, têm esse dom. Ficou a olha-lo pela janela, até que desapareceu.

Estava na altura dela sair. Seguiu, em frente, confiante. Não podia chegar atrasada!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

No baú das Memórias


Deixo o desenho de uma "dama antiga"que o meu avô materno pôs numa moldura, e guardo com carinho até hoje.

Na parte de trás foi escrito "Desenho feito pela minha netinha Paula Manuel... em 25 de Maio de 1978"




Voltei com Registos de Infância...


Olá :) :) Estou de volta!!

Depois de alguns anos sem publicar no "Refúgio de Palavras", regressei...

Criei um site na Wix que ainda não consegui publicar, por isso de momento estou a utilizar esta via.

Resolvi revisitar memórias da minha infância.

Fecho os olhos e estou no baloiço que o meu avô fez especialmente para mim.

A noite no quintal é iluminada por algumas estrelas.

Recrio e dou nova forma às "bonecas" que me acompanharam desde sempre.

Uma outra forma de comunicar além da escrita.

"Uma única certeza demora em mim: o que em mim já foi menino não envelhecerá nunca"

Mia Couto

Com ternura para todos e todas que me visitam e acompanham...




domingo, 24 de janeiro de 2010

À procura do meu Eu... resta-me evoluir...

Sade - "By your side"



Quando fazia voluntariado no IPO, numa das reuniões versando o tema da Espiritualidade, o que uma das minhas colegas disse fez-me pensar.

Segundo ela, o comum dos mortais quando se vê perante uma grande adversidade, algo que nos coloca à prova (tal como doença, separação, morte) pergunta o "Porquê a mim?", quando deveria perguntar "Como, o que devo fazer com isto?", tentando retirar aprendizagens do que aconteceu...

Sem dúvida que concordo com ela, embora considere que caminho é longo até chegarmos lá.

Gostava de saber o que acham sobre esta questão, se quiserem...

Reconheço que tenho estado ausente, mais do que deveria, mas não deixo de vaguear pela Blogosfera e estar um bocadinho com todos/todas, visitando cada um dos meus Amigos, mesmo que não demonstre as minhas emoções.
Talvez volte com mais regularidade, nada é definitivo.













Até lá deixo aqui o meu sorriso :) mais doce e um abraço terno. Fiquem bem...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tenho saudades minhas, mas mais vossas... muitas...

OqueStrada - "Oxalá te Veja"



"Passos sem memória"

Olho pela janela e não vejo o mar. As gaivotas
andam por aí e a relva vai secando no varal. Manhã cedo,
o mar ainda não veio. Veio o pão, veio o lume
e o jornal. A saliva com que te hei-de dizer bom dia.
As palavras são as primeiras a chegar. O que fica delas
amacia o papel. Pão quente com o sono de ontem
e os sonhos de hoje. Prepara-se o dia, os passos
de ir e vir. Estou cada vez mais perto. Olhas-me
como se soubesses o que hei-de saber mais logo.
Nesta cidade nunca é meio-dia. Há sempre uma doçura
de outras horas. E recordações avulsas. Deixa-as sair
de dentro do vestido, deixa soltar as ondas do mar.
A janela está vazia. O meu filho caminha na praia
e tu soletras as gaivotas. Caminha à minha frente
sem deixar pegadas. Perco-me como todas as mães,
todos os amantes. Invento passos e palavras
para adormecer. A esta hora a minha avó enrolava o rosário
nas mãos. Eu estava dentro das contas, dentro do sono
que rondava a prece. Durante muito tempo estive fora.
Agora caminhamos juntos. Sem memória.

Rosa Alice Branco



Sorrisos outonais para todos e todas :))) E mais Emoções. Sempre Positivas.
Fiquem bem...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Escolhe viver... sempre!








"Quem quase morre ainda vive. Quem quase vive já morreu..."

Luís Fernando Verissimo





Mil emoções :)))
Bom fim-de-semana!

domingo, 9 de agosto de 2009

Saudades muitas...

Geri Halliwell - Calling

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Para Ti

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"


Relembro que estou sempre convosco...
Um sorriso :) doce com as cores do arco-íris.
Fiquem bem!
Emoções sem fim num longo abraço Amigo.

Deixo-vos também uma foto da minha querida gata, a "Rubi"...